Exposição desvenda arte e resistência durante o Regime Militar

17-04-2024

"Política e Vanguarda (1964/85) na coleção Lili e João Avelar" está exposta no Museu Inimá de Paula

A exposição "Política e Vanguarda (1964/85) na coleção Lili e João Avelar" foi inaugurada na última quinta-feira, dia 17 de abril, no Museu Inimá de Paula, em Belo Horizonte. Essa mostra inédita apresentou ao público aproximadamente 300 obras que compõem a maior coleção de arte pop e política do Brasil, pela primeira vez reunida em um só espaço.

O acervo exposto revela as motivações políticas e sociais dos artistas durante o período do regime militar no Brasil, de 1964 a 1985, evidenciando profundas transformações de linguagens que deram origem a práticas experimentais e conceituais no campo das artes visuais. Sob a curadoria do colecionador João Avelar, a exposição apresentou um conjunto diversificado de obras, incluindo desenhos, fotografias, pinturas e esculturas.

Segundo o curador da exposição, "é sobretudo nos anos 1960 e 1970 que testemunhamos uma recusa dos meios tradicionais da arte e uma busca por referências ao mundo contemporâneo". As obras selecionadas para a mostra destacam-se por seu caráter transgressivo e contestatório, refletindo a arte como uma ferramenta de transformação e reflexo do mundo.

Um dos destaques da exposição foi a obra do mineiro Décio Noviello, que apresentou pinturas, desenhos, gravuras, fotografias e vídeos, incluindo o registro de uma ação realizada durante a histórica exposição "Do Corpo à Terra", em 1970, em Belo Horizonte. Além disso, a exposição contemplou a experiência de artistas que foram presos políticos durante o regime, como Carlos Zílio e Sérgio Sister, cujos desenhos feitos durante o período de prisão expressam a atmosfera de violência e sufocamento da época.

A mostra também destacou o papel de artistas que se posicionaram de forma crítica em relação ao regime militar, como Carlos Vergara, Glauco Rodrigues e Luiz Alphonsus, cujas obras dialogam com a reação dos artistas contra o imperialismo estadunidense. Outro aspecto relevante da exposição foi a presença de um amplo conjunto de artistas que não se limitavam ao eixo Rio-São Paulo, evidenciando a diversidade geográfica da produção artística brasileira durante o período.

A exposição também destacou o papel das artistas mulheres, apresentando um conjunto representativo de obras produzidas por elas. A coleção Lili e João Avelar, reconhecida como uma das mais importantes do país, não apenas oferece um panorama abrangente da produção artística brasileira da segunda metade do século XX, mas também tem sido peça fundamental em exposições de relevância internacional, como a International Pop, realizada pelo Walker Art Center e apresentada em diversas instituições renomadas ao redor do mundo, contribuindo para a historiografia da arte brasileira.

Em suma, a exposição "Política e Vanguarda (1964/85) na coleção Lili e João Avelar" não apenas resgata um período crucial da história brasileira através da arte, mas também oferece ao público a oportunidade de refletir sobre as complexidades e as nuances da resistência artística em tempos de opressão política.

Foto: Alberto Wu

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