Galpão: 35 anos de história e a força do teatro de rua
Em conversa com Eduardo Moreira, o diretor e ator do grupo, exploramos os desafios e as perspectivas para o futuro do teatro de rua no Brasil

Considerada uma das mais importantes companhias do cenário teatral brasileiro, com sede em Belo Horizonte, o Grupo Galpão carrega, em sua bagagem, centenas de histórias para contar. Seu histórico conta com 48 festivais internacionais, em mais de 18 países visitados; cerca de 2.900 apresentações, em mais de 260 cidades; 23 espetáculos e mais de 100 prêmios nacionais - O último, "Nós", recebeu três até agora: "Melhores do Ano", "6º Prêmio Questão de Crítica" (Direção - Atriz) e "Prêmio Aplauso Brasil" (Trilha Sonora - Melhor Elenco).
Levando a arte de forma gratuita a milhares de pessoas, de diferentes classes sociais e faixas etárias, um de seus legados é propagar a cultura. Porém, o que podemos esperar dos próximos 35 anos? Convidamos o diretor e ator, Eduardo Moreira, para sanar essas questões.
Lizandra: Visto que atualmente vem se intensificando as manifestações contra a liberdade artística, quais são as perceptivas do grupo, quanto ao teatro de rua, para 2018/2019?
Moreira: O grupo continua com seus espetáculos de teatro de rua 'Os gigantes da montanha', 'Till' e 'De tempo somos'. Além disso, estamos preparando uma nova montagem, com direção do Marcio Abreu, que deve ter algum tipo de intervenção que contemple também a rua. As nossas conversas apontam para a adaptação de um texto contemporâneo de teatro.
Lizandra: Haverá uma renovação do casting de diretores e atores?
Moreira: O Galpão não é um grupo que faz casting. É um grupo de atores que trabalham juntos há mais de 23 anos nessa formação atual. Acho que, por enquanto, não haverá mudanças de rumo.
Lizandra: O que fazer para que jovens artistas se interessam pelo teatro de rua
Moreira: Jovens atores precisam experimentar e buscar experiências as mais diversas possíveis. O teatro de rua é uma experiência única no sentido de que ele nos coloca numa situação extrema de "catástrofe iminente" (a expressão é de Antonin Artaud). Acho que quando o Galpão apresenta seus espetáculos e ministra suas oficinas está agindo concretamente para que as pessoas se interessem mais pelo teatro de rua, o nosso contato com jovens artistas se dá principalmente pela apresentação de nossos espetáculos, encontros e oficinas. Existe também o espaço do Galpão Cine Horto que oferece cursos, espetáculos e encontros.
Foto: Guto Muniz