Racismo: Um mal universal? Beatriz Xavier analisa dois casos recentes
Filósofa reflete sobre a persistência do preconceito e a importância da luta por igualdade

Recentemente, o mundo vivenciou dois atos extremos de intolerância racial: enquanto nos Estados Unidos aconteciam manifestações neonazistas, no Brasil, algumas pessoas se indignaram nas redes sociais por causa vitória de uma candidata negra no concurso de Miss.
Entenda os casos
De acordo com a reportagem publicada no site G1 em 12 de agosto, nos E.U.A a população neonazista foram as ruas com discursos de ódios e opressão contra a população negra, após ser anunciado que se pretendia retirar, de um parque municipal, uma estátua do general confederado Robert Edward Lee que, para os neonazistas, é visto como um herói por ter lutado contra a abolição da escravatura, durante a Guerra Civil do país (1861 - 1865).
Aqui, os brasileiros se manifestaram nas redes sociais contra a eleição da Miss Brasil, Monalysa Alcântara, de 18 anos, que teria vencido o concurso ao utilizar um discurso "vitimista". E para compreender tais atitudes, o Conecta, convidou a filósofa Beatriz Xavier, para explicar sobre os motivos dessas ações. Na entrevista a seguir, ela destaca a importância dos direitos humanos no combate ao racismo.
CONECTA: A partir desses dois episódios, como podemos combater o racismo?
Xavier: Acredito que para combatermos o racismo, dependemos de um fortalecimento da nossa cultura e dos direitos humanos, que são universais. Então, compreender os seres humanos como iguais é fundamental.
CONECTA: É possível acabar com o preconceito?
Xavier: Sim, eu acredito que seja possível. Muitos avanços já foram feitos e devemos comemorar a cada conquista, toda luta é válida, mas, isso depende de uma cultura que prega a universalidade dos direitos, ou seja, todos tendo acesso às mesmas oportunidades.
CONECTA: Nos EUA as manifestações neonazistas são permitidas, enquanto aqui no Brasil ela acontece nas redes sociais. Como podemos evitar para evitar que essa situação se agrave?
Xavier: Racismo no Brasil é crime e isso já é um dos pontos positivos no sentido de evitar algum tipo de manifestação dessa forma. Acredito que as pessoas que estão comprometidas com essa luta, devem permanecer firmes e não ter medo de denunciar qualquer ato racista publicamente.
CONECTA: Como avalia os dois episódios?
Xavier: Para mim eles são um reflexo de uma onda conservadora. Nos EUA, a eleição de Trump, deu maior visibilidade e tranquilidade às pessoas que pensam dessa maneira e, me chama muita atenção, a não condenação explícita daquelas pessoas que estavam presentes. O pronunciamento que ele fez, na minha opinião, ocorreu para minimizar a gravidade dos fatos. E sobre o caso específico da Miss Brasil, bom, que os racistas fiquem cada vez mais incomodados, pois, cada vez mais a diversidade vai ser celebrada.
Publicado no Portal Conecta Fumec
Foto: Pixabay