Passaporte da Astronomia

18-04-2017

Projeto de extensão da Universidade Fumec visa aproximar a sociedade com a ciência

Na antiguidade, o céu era usado como calendário, mapa e relógio e, desde o princípio, o homem observa o céu na busca de entender qual a relação dele com o espaço. Há mais de quatro mil anos antes de Cristo existiam observatórios a olho nu. Com o avanço tecnológico e o surgimento de telescópios, a astronomia moderna, ou astrofísica permitiu um entendimento a mais sobre o universo, por meio de seus estudos sobre a composição física dos astros.

Atualmente, a falta de incentivo à cobertura de assuntos científicos, por parte da mídia e, até mesmo, da escola, faz com que as pessoas desconheçam tais assuntos e a astronomia está se tornando restrita a um pequeno percentual da população. Com o objetivo de divulgar e promover o conhecimento dessa área, o evento Passaporte da Astronomia realiza, duas vezes ao mês, palestras, observações, excursões, bate papos e cursos abertos para o público geral. Essas informações são divulgadas na página oficial na internet.

O Passaporte da Astronomia surgiu em 2016 como continuação do projeto de extensão criado em 2010 pelos professores da Universidade Fumec, Orlando Abreu Gomes e Ricardo José Vaz Tolentino. O grupo é formado pelo Doutor e professor em Astrofísica, Eduardo Ferreira Neto, que coordena a iniciativa junto com o Doutor e professor em Física, Orlando Abreu. Eles contam com a colaboração dos alunos Ana Carolina, (Engenharia da Aeronáutica), Guilherme Augusto, (Engenharia da Aeronáutica), Lorrane Olivlet, (Engenharia Biomédica), Mateus Henrique, (Engenharia da Aeronáutica) e Rafael Serra (Engenharia da Aeronáutica).

As palestras são apresentadas de forma didática pelos alunos que muitas vezes escolhem os temas, mas antes de se apresentarem para o público há uma preparação: "O aluno ensaia com o professor e isso é muito interessante porque ele se desenvolve", disse Eduardo Neto. O curso é para leigos e possui seis aulas teóricas que contêm bastante informação e, segundo Eduardo, acrescenta muito à percepção do universo e percepção do que representa o planeta no universo. "Acredito que é muito importante termos essa consciência, a gente trabalha a consciência cósmica."

No Brasil, apenas a Universidade Federal do Rio de Janeiro oferece o curso de graduação em Astronomia, mas, para ser um Astrônomo, não basta apenas fazer um curso de extensão, é necessário ser pós-graduado em Física ou Matemática e, depois, especializar-se em Astronomia ou Astrofísica. Na perspectiva do professor, o curso está se tornando restrito por causa da falta de aplicabilidade da Astronomia como uma graduação. "Essa ciência é uma das mais antigas, todas as civilizações faziam Astronomia e eu acho que a nossa faz menos ainda do que sempre foi feito, sendo que temos muitas condições. O Brasil tem capacidade de iniciar belos projetos na área", afirma.

"Somos filhos das Estrelas"

Conecta - Na sua opinião, qual a necessidade da Astronomia hoje em dia?

Professor Eduardo Neto - Acredito que seja a busca pelo entendimento destas coisas que estão no céu e de como elas podem nos afetar. Hoje, os urbanos, principalmente, não veem o céu, eles nem sabem como é, e no dia em que eles saírem e observarem realmente o céu, eles irão ficar abismados e vão querer saber o que é aquilo, porque tem a ver com o universo em que a gente vive.

Conecta - Os planetas do Sistema Solar com maiores números de luas são: Júpiter, com 66, e Saturno, com 34. Nosso planeta possui apenas um e ela é mais ou menos do tamanho de ¼ da Terra. Podemos considerá-la a maior do sistema?

Professor Eduardo Neto - Não, a maior Lua é a Ganímedes, localizada na órbita de Júpiter e a segunda maior é a Titã, localizada na órbita de Saturno. Elas são bem grandes e bem maiores que a nossa Lua. A nossa eu a considero intermediária.

Conecta - Qual é a concepção atual de Constelação?

Professor Eduardo Neto - A concepção atual de constelação moderna, que os astrônomos usam, são grupos de estrelas, separadas umas das outras por traços retos, e tudo que está dentro desses traços é considerado constelação.

Conecta - Quanto tempo demora para a luz de uma estrela atingir a terra?

Professor Eduardo Neto - Depende da estrela, por que cada estrela que está no céu está em uma distância diferente uma das outras por exemplo a estrela mais próxima que temos, a Alpha Centauri, está há mais ou menos quatro anos luz, então seu brilho demora cerca de quatro anos e meio para chegar aqui e tem estrelas que está há quinhentos anos luz então seu brilho demorar uns quinhentos anos ou mais.

Conecta - O que são as Nebulosas?

Professor Eduardo Neto - Nebulosas são as nuvens de gás e de poeira da nossa galáxia existente em nossa galáxia. Quando os telescópios do século XVII começaram a ficar melhores, os astrônomos começaram a observar dois tipos de objetos no céu: as estrelas, que eram pontuais, e uns chumaços de algodão, que eles chamavam de nebulosa. Uma delas que está próxima e pode ser observada a olho nu é a de Órion.

Conecta - Cada vez mais o universo se expande e ao invés delas se afastarem, elas se aproximam mais uma das outras. Corre o risco de um dia as galáxias se encontrarem?

Professor Eduardo Neto - Corre e acontece muito, existe uma área de estudo na astrofísica que eles chamam de canibalismo de galáxia por que uma engole a outra, uma entra dentro da outra e acabam se juntando e formando uma galáxia maior, por exemplo a grande nebulosa de Andrômeda, que é bem parecida com a nossa, ela está se aproximando de nós e não se afastando, mas isso vai demorar muito até ela chegar aqui.

Conecta - Qual é a gravidade da Lua?

Professor Eduardo Neto - Qualquer massa gera gravidade, até um celular, então a Lua é um astro que que tem bastante massa, a gravidade dela é bem menor que a da Terra, mas existe.

Conecta -Na sua opinião, existe vida em outros planetas?

Professor Eduardo Neto - Certamente, eu acredito que a vida é uma coisa fácil de acontecer, porque se ela encontrar condições para prosperar será muito fácil e rápido o crescimento. Por exemplo: quando o universo começou só existia o hidrogênio e hélio, mas o nosso corpo possui carbono, ferro, magnésio e outros elementos químicos. E onde encontramos isso? No interior de uma estrela. Quando viva, ela sintetiza esses elementos químicos e quando morrem estes elementos são espalhados pela galáxia permitindo a existência de outros planetas. E é por isso que eu digo que nós somos filhos das estrelas, porque viemos do pó delas e foram elas que permitiram a existência do sol e da nossa vida.

Foto: Pixabay

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